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Bandera de Portugal

Conquista e transformação

D. João I de Portugal havia chegado ao trono português em 1385 depois de vencer a batalha de Aljubarrota, fundando a Casa de Avis. Após a estabilização do seu reino e da pacificação das suas fronteiras procurará novos horizontes. A “Reconquista” peninsular estava terminada e avistava-se Ceuta.

A conquista, depois de uma cuidada preparação militar e diplomática, é levada a cabo com as Bulas de Cruzada, a 21 de Agosto de 1415.

A partir desse momento, a monarquia lusa transforma a cidade islâmica numa “povoação ocidental”: será cidade por decisão da Coroa e referendo da Santa Sé, que concederá categoria de bispado com prelado próprio. Será praça-forte com Capitão Geral, sendo o primeiro D. Pedro de Meneses, e contará com câmara municipal com amplas competências.

 

Símbolos e raízes lusitanas

O período de domínio luso de Ceuta teve e continua a ter uma grande influência nas instituições, símbolos e idiossincrasias dos seus habitantes. Uma boa parte do actual sistema autonómico baseia-se em privilégios foraleiros concedidos nessa época, e que se foram transformando com o passar do tempo.

O mesmo ocorre com a bandeira que é a de São Vicente, que também utilizara Lisboa; o escudo, que com pequenas modificações é o do reino de Portugal; o Aleo, símbolo do governo local com o qual tomam posse os governadores; ou o Pendão Real, enviado por Felipe II como I de Portugal, em 1580, para substituir com as armas de Espanha e Portugal o que houvera trazido D. João I.

A este rei devemos uma das nossas devoções e tesouros artísticos mais apreciados: a Virgem do Vale, que o acompanhou na expedição de 1415; e ao seu filho, o infante D. Henrique, a Virgem de África, que enviou aos seus cavaleiros para colocar a cidade sob a sua protecção.

 

A transformação defensiva

Ao chegar a Ceuta as tropas lusitanas encontraram a cidade bem murada, ainda que com algumas zonas arruinadas. Naturalmente, os progressos da artilharia exigiam uma actualização da fortificação.

Entre os primeiros troços de muralha que se refizeram contamos com o do actual Paseo de las Palmeras, com as suas troneiras simples e cruzetadas. A maior reforma será apenas feita em inícios do século XVI, e reduzirá a população da cidade ao espaço compreendido entre a muralha a Norte e a Sul, que davam para o mar, defendendo-se a Este e Oeste por dois fossos, o primeiro seco e o segundo navegável.

O projecto foi concebido pelos engenheiros Miguel de Arruda e Benedetto de Ravenna, e realizado entre 1541 e 1549, completado em finais do mesmo século pelo engenheiro Guillermo de Guillisástegui com a construção de um porto, e nos séculos XVII e XVIII com a criação de diferentes fortificações avançadas. Estas edificações abaluartadas compõem o Conjunto Monumental das Muralhas Reais.

 

Os Áustrias portugueses

Com a morte do rei D. Sebastião, e depois do breve reinado do Cardeal D. Henrique, ascende ao trono Felipe II, que será Felipe I de Portugal. Nessa qualidade toma posse de Ceuta em 1580, enviando à cidade o Pendão Real com as armas de Espanha e Portugal.

Ceuta continuava parte de Portugal, dentro da grande coroa dos Áustrias, mas tinha consciência das enormes vantagens de pertencer a um reino maior e mais próximo, que lhe proporcionava uma defesa mais eficaz e rápida, assim como um abastecimento qualitativa e quantitativamente muito melhores.

Quando em 1640 o duque de Bragança se proclama rei com o nome de João IV, Ceuta decide manter-se fiel a Felipe IV e, após consumar-se a secessão, solicita a incorporação na Coroa de Castela com todos os seus foros e privilégios. Assim foi reconhecido por Felipe IV e seus sucessores, outorgando-lhe os títulos de Siempre Noble, Leal y Fidelísima, que continua a ostentar com orgulho.

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